Em homenagem ao falecimento do Seu Lunga no último dia 22 de novembro, o advogado Rayan Vasconcelos Bezerra escreveu um poema, relembrando um causo típico da literatura de cordel sobre Constituição e reforma política. Confira:

A escuridão da ditadura passô
Os militá saíram do podê
Quem achou que não ia acabá
Ficou com os zóio tudo moiado ao percebê
O Doutô Ulysses, no 5 de ôtubro de 88,
Levantá a Constituição pra todo mundo vê.

Democrática que só ela
A “Cidadã” finalmente nasceu
Trazendo direito pro pobre, pro negro
Pra muié e até pra quem nunca leu
Os índio tudim se animaram
Com as terra que a Constituição lhes deu.

Os direito fundamentá agora tão na frente
Esporte, cultura e meio ambiente lá “trais”
Os Município ficaram autônomo
Os legitimados pra ADI aumentaram mais
Tem PGR, Presidente, Governadô
Entidades de classe e confederações sindicais.

O STF, o Congresso e o Palácio da Presidenta
Tudo lá na Praça dos Três Podê, quente pra daná
Dizendo que tão trabaiando
Pra mode o país ajeitá
“Mais” por enquanto ninguém sabe
Se o Brasil chega a algum lugá.

Só o que não falta é reforma pra fazê
Tadinha da Constituição, toda remendada
Pra vê se pelo menos ajeita
Um pouquinho da Pátria Amada
A reforma política com certeza
Tá na hora de ser criada.

Tanta rôbalheira que dá disgosto
É Petrobras, mensalinho e mensalão
As empreitêra e os político tudo rico
E o pobre sem dinheiro pra comprar pão
Cadê a sociedade livre, justa e solidária
Que prometeu nossa Constituição?

Rayan Vasconcelos Bezerra é advogado.

A opinião expressa no artigo é de responsabilidade exclusiva do autor e não representa a posição oficial da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Ceará (OAB-CE).