A OAB Ceará, por meio da Comissão de Direitos Culturais, manifesta profundo pesar pelo incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, na noite deste domingo (02/09). É com tristeza que a sociedade brasileira presencia a destruição de um dos equipamentos históricos mais importantes do país.

A perda é, sem dúvida, irreparável. Todos nós presenciamos mais um episódio de descaso do Estado com o patrimônio artístico, histórico e cultural. A tragédia dessa noite queimou, literalmente, grande parte do que somos. Fundado em 1818 por D. João VI, o Museu Nacional abrigava um acervo de 20 milhões de itens, entre os quais, documentos do Império, artefatos greco-romanos, o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, fósseis de dinossauros, múmias egípcias e incas, e o maior meteorito encontrado no Brasil, só para citar alguns exemplos. Ademais, serviu de residência oficial da Família Real portuguesa, de 1816 a 1821, e da Família representante do império brasileiro, da Independência até a Proclamação da República.

A importância do Museu Nacional é incomensurável. A sua perda representa o descaso do poder público com a cultura e a memória do Brasil. São valores imateriais incalculáveis que nos levam a refletir a que ponto chegamos quando tamanho abandono nos assola. Uma tragédia de repercussão internacional, que nos envergonha e entristece.

Em razão disso, a OAB Ceará espera que todos os culpados por tamanha negligência sejam efetivamente punidos. Mais que isso, que aprendamos a valorizar o passado e a nossa história. Que essa dolorosa tragédia sirva de lição e a sociedade brasileira saiba escolher melhor seus representantes no pleito que se avizinha, pois não se pode mais compactuar com o menosprezo com a cultura e com tantos outros setores da sociedade.

Será que depois do que ocorreu com o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, destruído por um incêndio em dezembro de 2015, e agora com o Museu Nacional no Rio de Janeiro, precisamos de uma próxima tragédia para que haja a conscientização da urgente necessidade de preservação da nossa memória?

Esperamos que as autoridades do nosso Estado tomem o episódio como lição e, desde já, verifiquem as condições dos nossos (poucos) museus, além das demais instituições culturais, antes que seja tarde.