“Tudo o que sei, aprendi com os Índios”. Essa é a frase que a indigenista, missionária, ambientalista e defensora dos direitos humanos, Maria Amélia Leite, mais tem repetido ao longo dos anos. Hoje, com 88 anos de idade, dedicou quase meio século à luta dos povos indígenas do Ceará. Maria Amélia sempre trabalhou em defesa da vida e dos diretos territoriais dos povos indígenas, nos estados do Ceará e Sergipe. Lutou pela preservação florestal e dos ecossistemas costeiros e aquáticos, combatendo com muita garra todas as formas de injustiças às minorias.

Com esse exemplo de luta e determinação, Maria Amélia foi homenageada, na quinta-feira (6), pela Comissão de Direito Ambiental da OAB Ceará, juntamente com a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará e a Articulação dos Movimentos Socioambientais do Ceará. O evento fez parte da programação da Semana Ambiental do Ceará 2019.

O presidente da Comissão de Direito Ambiental da OAB Ceará, João Alfredo, resgatou um pouco da história dos índios do Ceará e reiterou a necessidade de continuidade da luta em defesa de tudo àquilo que a Constituição Federal estabelece. “A gente fica muito feliz que a OAB seja um espaço de apoio voltado para as lutas populares. Essa iniciativa partiu do movimento sócio ambientalista e a homenagem mais do que merecida. Afinal foi toda uma vida dedicada à causa indígena”, afirmou.

Em seu discurso, Weibe Tapeba, liderança do Povo Tapeba e membro da comissão de direito Ambiental da OAB Ceará, destacou a atuação firme de Maria Amélia em defesa do seu povo. Segundo ele, a luta dela contribuiu para a consolidação do movimento indígena. “O resultado da contribuição dela, é um movimento sólido, firme. São 14 povos e uma população de mais de 35 mil indígenas no Ceará. Uma luta legítima pela regularização dos territórios originários desse povo, pela natureza, pelo meio ambiente, pelo ecossistema. Maria Amélia é uma grande guerreira militante e missionária, temos uma enorme gratidão por ela”, fez questão de dizer.

A homenageada é só gratidão. Com sorriso estampado no rosto e também com os olhos marejados de emoção, ela disse: “Foi um tempo muito lindo o que eu vivi com os povos indígenas, foi um tempo fantástico, de luta, de conhecimento e de apoio. Eu acho que a gente precisa continuar e animar aqueles que ainda são devotos aos povos indígenas. A história continua, ela tem que continuar, não pode ficar parada, vamos continuar essa luta que é uma luta tão difícil e complicada, mas tão linda e necessária, vamos à frente”, finalizou.

Compuseram a mesa: o presidente da comissão de Direito Ambiental da OAB Ceará, João Alfredo; Maria Amélia Leite, representante da luta indianista no estado do Ceará e Secretaria Geral da associação missão Tremembé; o deputado estadual, Renato Roseno (PSOL); Florêncio Braga, Secretário da Associação Missão Tremembé; Ceiça Pitaguary, Coordenadora-geral da Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince); Weibe Tapeba, liderança do Povo Tapeba e membro da Comissão de Direito Ambiental; Júnior Tremembé, representante do povo Tremembé; e Marciane Tapeba, vice-coordenadora da Associação de Mulheres Indígenas do Ceará.