Será que nós, de fato, estamos preocupados com a segurança no trânsito? Confesso que dedicar tempo ao assunto não é muito comum, mas, ao descobrir que até 2020, estima-se que mais de 1,9 milhão de pessoas poderão morrer em acidentes de trânsito, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso causa um impacto muito maior.

Setembro é um mês de atenção voltado para importantes questões na sociedade: prevenção ao suicídio, incentivo à doação de órgãos e, também, a semana nacional da educação no trânsito – neste ano, a campanha acontece nos dias 18 a 25.

É preciso entender a real necessidade de educar para o trânsito. E esta não é uma tarefa fácil. É necessário que pais, professores, empresários e autoridades percebam como atitudes corretas no trânsito podem salvar vidas. Porque, a cada uma hora, acidentes de trânsito causam cinco mortes no Brasil. É isso o que informa o relatório divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Diversas análises e iniciativas podem ser feitas sobre a redução de mortes e feridos no trânsito. Cito, por exemplo, a mobilidade urbana sustentável, apontada por diversas organizações nacionais e internacionais como alternativa de melhoria das condições de deslocamento nas cidades dos pontos de vista ambiental, econômico, e de saúde pública.

Mas a atenção fica para o projeto de lei 3.267/19, entregue em junho, que ainda será discutido pelos parlamentares e precisará ser aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado. O projeto do governo prevê a mudança de trechos do Código Brasileiro de Trânsito. Dentre as alterações, está a ampliação – de 20 para 40 pontos – do limite para suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).

Muito ainda será discutido. No paralelo, a OAB Ceará, continua trabalhando para despertar a consciência e a liderança de toda a sociedade na construção de uma relação mais preventiva e responsável nas ruas e avenidas da cidade e de todo o Estado. Ao longo do ano vigente, a entidade já realizou diversas ações educativas no assunto, bem como ingressou com um estudo das condições que se encontram as rodovias federais.

No entanto, com o espírito de “tolerância zero” ou não, caso não haja uma devida fiscalização, ações multidisciplinares efetivas, e a consciência de cada um, de nada vai adiantar. Precisamos entender, de uma vez por todas, que o sentido mais importante é a vida.

Erinaldo Dantas, Presidente da OAB-CE.