No Brasil, a adoção de uma abordagem sistêmica vem ganhando cada dia mais força e propõe uma aplicação da ciência jurídica com uma direção terapêutica. A utilização da técnica no Judiciário encontra respaldo legal na resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010, do Conselho Nacional de Justiça, que estimula o uso de formas consensuais de resolução de conflitos.

Durante dos dias, de 1 a 2 de julho, o “I Seminário Jurídico Sistêmico voltado ao bem-estar da Advocacia” propôs um diálogo, por meio de palestras virtuais, a respeito do tema. O evento contou com a participação de diversos profissionais para engrandecer o debate. A transmissão aconteceu por meio da plataforma do Zoom. Clique aqui e confira detalhes do 1º dia do evento.

O juiz brasileiro Sami Storch foi o pioneiro da utilização da abordagem sistêmica para olhar os conflitos. De acordo com o jurista, é uma terapia eficaz na solução de questões pessoais com imenso potencial de uso na área jurídica.

No segundo dia de evento, a palestra “Propósito de Vida” deu início ao ciclo de debates e falou sobre essa forma de olhar para os conflitos. “O acolhimento e a compreensão do contexto são fundamentais para o advogado e advogada compreenderem melhor suas ações, e assim tornar decisões. É importante ter esse olhar para que o cliente seja compreendido como ser humano e não somente como um processo”, afirmou a palestrante e presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB Piauí, Betina Costa.

Para presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB São Paulo e palestrante, Fabiana Quezada, o papel do advogado e advogada na resolução de conflito não é de super-herói. “Às vezes nos colocamos no papel de salvar nossos clientes, mas nem sempre trazemos essa solução. Muitos profissionais da área ficam doentes, entram em depressão e não querem mostrar suas fraquezas. Somos seres humanos e passamos por isso. Precisamos nos ajudar para conseguir ajudar o outro. O autocuidado é fundamental para esse processo”, ressaltou. A advogado ministrou o painel “Postura Sistêmica na Advocacia”.

A facilitadora de Constelação e palestrante Márcia Sarrubi, durante a painel “Pensamento Sistêmico Aplicado na Justiça Restaurativa, Mediação e CNV”, destacou a importância da Justiça Restaurativa. Segundo ela, a abordagem propõe auxiliar na pacificação e transformação do conflito. “É uma prática que deve estar a serviço de algo maior, que é pacificação. Precisamos indagar mais e ter um olhar restaurativo para criar um pensamento a respeito das conexões envolvidas, assim fazer um movimento de autoconhecimento. Compreendendo que é possível transformar os conflitos que nos chegam diariamente”, explicou.

O evento ainda contou com a participação dos palestrantes: Marisa Santos Souza, advogada e mediadora; Iuri Storch, facilitador de comunicação Não Violenta; Ana Tarna Mendes,presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB Ceará, Karin Maria Montenegro, Consteladora; Jorge Queiroz,facilitador de Constelação; Juliana Gomide, psicóloga. Além dos moderadores: Viviane Moura, vice-presidente da Comissão de Direito Sistêmico OAB/SP; Flávia Padilha, presidente da Comissão de Direito Sistêmico OAB/AL; Rogério Almeida, advogado sistêmico; Alessandra Camerino, vice-presidente da Comissão de Direito Sistêmico da OAB/CE; e Ana Gabriela Soares, vice-presidente da IBDFAM.

O evento gratuito foi uma iniciativa em parceria da OAB Ceará, por meio da Comissão de Direito Sistêmico (CDSIS), com as Comissões de Direito Sistêmico da OAB Alagoas e Comissão da Justiça Restaurativa e Direito Sistêmico da OAB Piauí, com apoio das Caixas de Assistência da Advocacia da OAB Piauí – CAAPI e da OAB Alagoas – CAAAL.