Valdetário Andrade Monteiro, presidente da OAB-CE, participou de evento com o presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D´Urso, recebendo o bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, Manuel Vicente Inglês Pinto, para debater a advocacia nos dois países. A Ordem dos Advogados em Angola foi criada em 1996 e tem 1.240 advogados filiados e, segundo Inglês Pinto, a história do país, com 30 anos de guerra civil, explica esse número pequeno de profissionais do Direito.

 

“É preciso que analisemos que antes da independência de Angola, em 1975, a advocacia era exercida por cidadãos que estavam inscritos na Ordem de Portugal. Portanto, não existia Ordem em Angola. Depois de 75, a advocacia estava dependente do Poder Executivo. Fazia-se uma advocacia que chamávamos popular e depois da abertura para uma sociedade de economia de mercado, com Estado Democrático de Direito tivemos que desenhar um quadro da advocacia como uma atividade liberal. Isso quer dizer que desde 1996 temos a advocacia liberal de fato em Angola e foi nessa época que fundamos a Ordem dos Advogados , mas sabemos que esse número pequeno de advogados não corresponde às necessidades do país”, explicou o presidente.

 

LÍNGUA PORTUGUESA

 

O presidente D´Urso agradeceu a visita do bastonário angolano e afirmou que a reunião evidencia a necessidade de integração entre os advogados de todo o mundo, especialmente os de língua portuguesa. “Precisamos estabelecer canais de contato mais amplos com os advogados de países de língua portuguesa porque a nossa união nos faz mais fortes para lutar por nossos objetivos em comum”, ressaltou.

 

Inglês Pinto considera importantíssima essa aproximação. “É fundamental para o nosso crescimento recíproco. Podemos cooperar em várias áreas, em vários domínios. Angola é um país onde existe grandes investimentos brasileiros em áreas fundamentais como energia, petróleo e construção civil. Então é preciso haver essa cooperação independentemente do número de advogados e do número da população”, afirmou.

 

ENSINO JURÍDICO

 

Os presidentes da OAB /CE e OAB/SP descreveram como funciona o Exame de Ordem, tipo de prova de acesso à advocacia que não existe em Angola , sendo comum aos dois dirigentes à crítica ao crescimento do número de faculdade de Direito no Brasil, que já totalizam 1.096 cursos de Direito. “ Há inúmeros que são ilhas de excelência, os que estão atuando para prestar um ensino de qualidade e há também os estelionatários, que precisam ser fechados”, alertou D’Urso.