A população do Interior do Estado continua sofrendo com o caos na Justiça Comum, representado pela falta de magistrados, milhares de processos acumulados e servidores cedidos por Prefeituras e Câmaras Municipais aos Fóruns. Diante desse quadro, a Secional Ceará da Ordem dos Advogados do Ceará (OAB-CE)  vem, há dois anos, denunciando e cobrando solução. A entidade defende a realização, urgente, de concurso público para juízes e servidores.

 
Apesar das campanhas realizadas pela Ordem cearense, na imprensa e mídias sociais, alertando para o comprometimento da prestação jurisdicional na Justiça Estadual e de representações feitas ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), os problemas se mantêm inalterados. O resultado são magistrados respondendo por até sete Comarcas, advogados prejudicados com a lentidão no julgamento dos processos e, mais grave, o jurisdicionado que não tem respeitado o seu direito à Justiça.
 
O presidente da OAB-CE, Valdetário Andrade Monteiro, alerta que o advogado sofre com o emperramento do Judiciário, mas é a população a mais penalizada. “A advocacia paga um preço, mas a sociedade paga um preço maior ainda”.
 
 
Esse quadro não é prioridade de uma única região do Ceará. A maioria dos municípios enfrenta o acúmulo de processos e carência de magistrados e servidores do Poder Judiciário. No Norte do Estado, quatro cidades clamam por uma solução urgente. E as reclamações não se restringem aos advogados e jurisdicionados. Juízes também denunciam dificuldades.
 
No município de Camocim há duas Varas e apenas a 1ª tem juiz titular. Trata-se do também diretor do Fórum, Rogério Henrique, que relatou estar a 2ª Vara sem magistrado desde julho de 2011. Ele informou, ainda, que na Comarca tem quatro mil processos aguardam julgamento.
 
Paralelamente, o Fórum dispõe de apenas oito servidores do Tribunal de Justiça, dos quais quatro são oficiais de justiça. Os outros 20 funcionários que trabalham no Fórum são cedidos de órgãos da administração pública municipal, ou seja, terceirizados em sem conhecimento na área jurídica.
 
As comarcas de Itapipoca, Itapajé e Amontada enfrentam situação semelhante. A primeira tem três Varas criadas e Juizado Especial. Segundo o presidente da Subseção da OAB de Itapipoca, Eurian Teixeira, somente a 2ª Vara tem juiz titular, com aproximadamente 3.600 processos para serem despachados.
 
A 1ª Vara e Juizado Especial são atendidos por um mesmo magistrado que não é titular. Além das duas, responde pela 1ª Vara de Caucaia, pela Zona Eleitoral de Itapipoca, por Paracuru e Itapajé. A 3ª Vara ainda não foi instalada por falta de estrutura física e pessoal. Com 50 mil habitantes, Itapajé conta com duas Varas, sem juízes titulares.