por Ítalo Guerreiro*

A advocacia é uma profissão de imensurável nobreza, prova disso é que por tradição histórica os advogados recebem o título de Doutor deste do período medieval.

Nós advogados ainda ostentamos o brasão do sucesso profissional, onde, no imaginário popular a advocacia ainda é símbolo de ascensão social e financeira. De fato, continua sendo, pois, ter um diploma de nível superior num país de tamanhas desigualdades sociais, representa uma diferenciação em relação à grande maioria.

Mas, diante da certeza desse sucesso começam a surgir dilemas que precisam ser enfrentados vis-à-vis por nós.

Nos últimos 20 anos vários cursos de Direito foram criados aqui no Brasil provocando um grande crescimento na oferta de trabalho. Só para se ter uma idéia, desde 2010, o Brasil tem mais cursos de Direito que todo o restante do mundo. Além disso, conta hoje com cerca de 800 mil profissionais fora os bacharéis que ainda não conseguiram aprovação no qualificado Exame da OAB.

Além desses números, outras situações como o sucateamento da estrutura do Poder Judiciário e a ameaça de aviltamento dos honorários advocatícios ampliam os problemas e trazem interrogações sobre o futuro da advocacia.

Medidas importantes como o Exame de Ordem e a tabela de honorários têm sido fundamentais para a valorização da profissão, mas, já não são suficientes. É preciso criar outros mecanismos!

A OAB/CE se coloca na vanguarda desse debate e vem discutindo o tema e defendendo regulamentação do piso salarial do advogado. A referida Campanha aponta para um horizonte consistente de defesa e valorização da advocacia, mas, para seguirmos nesse sentido, nós advogados precisamos compreender um ensinamento do jurista alemão Rudolf von Ihering quando na sua clássica obra “A Luta Pelo Direito” nos ensina que  “a vida do direito é uma luta: luta dos povos, do Estado, das classes, dos indivíduos”.

In fine, nós advogados precisamos sair em defesa da advocacia, pois, a nossa luta é o principal instrumento de defesa e conquista.

(*) Ítalo Guerreiro, é advogado da área sindical, especializando em Direito Processual e presidente da Comissão da Educação e Cidadania da OAB-CE.

A opinião expressa no artigo é de responsabilidade exclusiva do autor e não representa a posição oficial da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Ceará (OAB-CE).