A Comissão da Mulher Advogada da OAB Ceará esteve, nesta quarta-feira (17), no município de Uruburetama, juntamente com militantes de vários movimentos sociais e institucionais que integram a rede de enfrentamento à violência contra a mulher, para acompanhar de perto o andamento das investigações e garantir assistência às vítimas do médico e prefeito afastado da cidade, José Hilson de Paiva, denunciado por abusar sexualmente de suas pacientes.

O grupo formado por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, da Defensoria Pública do Estado do Ceará, do Ministério Público, de Secretarias Estaduais, da Assembleia Legislativa e de movimentos de defesa das mulheres foi até a cidade com o objetivo de oferecer atendimento social, psicológico e jurídico às vítimas do médico.  José Hilson de Paiva abusava das mulheres alegando fazer parte do atendimento clínico ginecológico seu comportamento libidinoso , repugnante. O médico chegava inclusive ao cúmulo de filmar os estupros.

Segundo a Vice Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB Ceará, Raquel Andrade, José Hilson de Paiva, de acordo com as denúncias recebidas, enganava suas pacientes com procedimentos totalmente fora dos padrões normais e claramente abusivos, alegando fazer parte do atendimento clínico ginecológico. Em conversa com algumas das vítimas ou amigas destas, ouvimos que a maioria não denunciava os abusos por vergonha da exposição, medo que a família soubesse ou perdesse o emprego e receio de que não houvesse punição, vez que o abusador era uma autoridade. Houve relatos de que algumas adoeceram de depressão. É um caso que tem particularidades e merece um acompanhamento diferenciado e uma dinâmica distinta de outros casos, porque, dessa natureza, é o primeiro do Ceará”, afirmou.

A comitiva visitou a Câmara de Vereadores, onde houve uma audiência para explicar os objetivos da visita. Além disso, a comitiva conversou com a Promotora de Justiça Joseana França Pinto, e com a Delegada  Titular da cidade, Rogéria Sousa, solicitando maior empenho na punição do agressor, e maior atenção às vítimas.

Para a Presidente da Comissão Dra. Christiane Leitão, a comunidade de Uruburetama e de Cruz, precisa de acolhimento e amparo, não só do Governo do Estado, mas em especial,  da Defensoria Pública e de toda a sociedade. “A Ordem é uma porta de acesso para a orientação jurídica, apoio e acolhimento, junto com toda a equipe multidisciplinar que vai examinar com a maior atenção esse caso. Essas deverão ser ações de médio e longo prazo, porque esse processo poderá ser demorado, uma vez que exigirá muito rigor e cuidado por parte das autoridades”, comentou.

A OAB disponibilizou a estrutura da sede da Subsecção de Itapipoca para atuação da Defensoria Pública e de advogados, no sentido de amparar e ouvir as vítimas. “A comissão da mulher advogada vai acompanhar o caso de perto e exigir que as instituições respeitem o devido processo legal, mas dêem atenção devida ao caso e a resposta que a sociedade exige, devido a gravidade do caso. A OAB também está inserida nesse processo de busca da justiça social”, conclamou Raquel Andrade.

A Comissão da Mulher Advogada irá se reunir na próxima semana para avaliar a visita, desenvolver estratégias de apoio às vítimas e pressão para que o estupro das mulheres não caia no esquecimento.  “Não vamos sossegar até colocar o médico estuprador na cadeia,” afirmaram, em coro.

A comitiva voltará a Uruburetama e irá também ao município de Cruz, na próxima semana , dando prosseguimento ao cumprimento da Justiça neste processo de repercussão nacional.