De janeiro a julho deste ano, três famílias de trabalhadores cearenses solicitaram ao Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) o pagamento de pensão por morte em consequência de acidentes de trabalho. Para evitar que cresça o número de vítimas, o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT/CE), a Ordem dos Advogados do Brasil Secional Ceará (OAB-CE) e outras 24 instituições vão realizar um grande manifesto pelo trabalho seguro no dia 17 de agosto. E o local não poderia ser mais simbólico: as obras da Arena Castelão, que empregam mais de 1.500 operários.
Uma seleção de autoridades e personalidades vai vestir equipamentos de proteção individual e entrar em campo para alertar os trabalhadores que preparam o estádio para receber a seleção brasileira na Copa das Confederações e na Copa do Mundo de 2014. Entre eles estará o cantor Fagner, o governador Cid Gomes, o ministro João Oreste Dalazen, a desembargadora Roseli Alencar e, a confirmar, os jogadores Raí e Bebeto.
“Queremos que cada um desses operários do Castelão seja porta voz da importância de zelarmos pela segurança e saúde do trabalhador”, explica a presidente do TRT/CE, desembargadora Roseli Alencar. Ela afirma que um dos principais objetivos do ato público é vencer a desinformação, a negligência e a falta de prevenção, principais aliadas dos acidentes de trabalho.
O adversário a ser enfrentado mais que dobrou o número de vítimas em quatro anos. Entre 2006 e 2010, os acidentes cresceram 103% no Ceará, de acordo com a Previdência Social. Foram 5.965 acidentes de trabalho em 2006 e 12.135 em 2010. No Brasil, 720 mil ficaram feridos em 2010 e outros 2.712 trabalhadores morreram em decorrência de acidentes de trabalho. Destes, 68 no Ceará.
A construção civil é o segundo local de trabalho onde mais ocorrem acidentes. De cada 100, pelo menos seis envolvem pedreiros, serventes e outros trabalhadores de canteiros de obras. Em primeiro lugar aparecem operadores de robôs e condutores de equipamento de cargas, que são 10 de cada 100 vítimas de acidentes laborais. Os ferimentos, fraturas e traumatismos no punho e mão são os tipos mais comuns de acidentes, com 22%. Em seguida aparecem as dores nas costas, com 6%.
Para o desembargador José Antonio Parente, além do setor público, a campanha pelo trabalho seguro conta também com um poderoso aliado. “Empresas perceberam que os descuidos com a saúde do trabalhador têm graves consequências financeiras”, explica. Além dos gastos de INSS e famílias, que têm sua renda reduzida ou interrompida, empresas arcam anualmente com bilhões de reais em afastamentos, queda produtividade e indenizações.
Somados os gastos de governo, iniciativa privada e famílias, os acidentes de trabalho custam ao país cerca de R$ 71 bilhões por ano, de acordo com estudo feito pelo economista José Pastore, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O valor representa cerca de 9% da folha salarial anual dos trabalhadores do setor formal no Brasil, que é de R$ 800 bilhões.
Obras: Sede do ato público do dia 17 de agosto, o Castelão ostenta o título de não ter registrado nenhum acidente grave ou fatal desde o início da obra. A arena cearense é a que possui as obras mais avançadas dentre as doze sedes da Copa do Mundo de 2014. Mais de 80% das obras já foram concluídas. Ela deve ser finalizada em dezembro deste ano e terá capacidade para 67.037 mil espectadores.

Serviço:
Ato Público pelo Trabalho Seguro
Dia 17/8, às 10h
No Estádio Castelão

Fonte: TRT7