Paulo Maria de Aragão*

Os imperativos da vida moderna modificaram o comportamento da mulher, sobretudo no que concerne à relação entre mãe e filho. As condições atuais, diametralmente opostas às de outras épocas, criaram novos hábitos de vida e refletem-se nas maneiras de agir e de encarar certos assuntos antes tidos como tabu.

A razoável evolução dos costumes estimulada pela tecnologia distanciou a mulher das lides domésticas. Isso lhe possibilitou alcançar avanços significativos nos espaços sociais, que, em tempos passados, eram quase privativos do sexo oposto. O pesado ônus da maternidade limitava-a à função doméstica, de dedicação ao lar. Hoje, obrigou-se a entrar no mercado de trabalho, estabelecendo parceria visando à manutenção da estrutura familiar.

Extintas foram as restrições que se lhe impuseram. Num crescendo, atuam em todos os segmentos de maior produtividade, além da dedicação aos afazeres domésticos. O “doce lar” hodierno certamente causaria perplexidade aos nossos avoengos; mais perplexos ficariam se presenciassem a competição que trava com o homem, causando um rebuliço no mercado de trabalho.

Mas acima de tudo é mãe, não se afasta da maternidade, dever missionário a ser cumprido com espírito de sacrifício, não importando a condição social. Foi ela quem, à semelhança de Maria, “nos amamentou, nutriu, sustentou, criou e se sacrificou por nós”.

Dia das Mães, dia consagrado àquelas que, de ventre iluminado, guarnecem o mais precioso bem: a dádiva da vida. As curvas da gravidez irradiam reverência e serenidade, abençoadas pelo dom de gerar vidas

A celebração primaz é de agradecimento à Providência, assim como a todas que conceberam um ou mais filhos; às mães presentes e às que se foram ao dar a própria vida ao recém-nascido. Muitas vezes sem haver contemplado o terno sorriso, aquecido o coração ou corrido as mãos nos primeiros afagos…

Dia áureo, intensificado pelo colorido comercial, que não desbota a emoção, o cantar sentimental do bem maior de um filho. Desse modo, conservam-se em vigília, protegendo-nos e guiando-nos, porquanto a morte não extingue, nem desata os liames de amor entre as mentes e os corações afins. Por isso, jamais um presente material transcende à devoção contida em uma mensagem de reconhecimento filial!

Quanto àqueles que não mais a têm, é momento contemplativo do céu, sentir saudades e consolar o coração. Particularmente, conforta a lembrança de nossa mãe, puxando a reza do terço, logo após o jantar. Ao final, os sinos da Igreja dos Remédios assinalavam o avançar da noite. Eram 20 horas.

(*) Advogado, professor e membro do Conselho Estadual da OAB-CE.