A inteligência brasileira sofre perda irreparável com a morte do professor Paulo Bonavides, sem dúvida e sem favor um dos maiores juristas da contemporaneidade.

Nascido em Patos, Paraíba, aos 10 de maio de 1925, ainda criança e já órfão de pai radicou-se com a família em Fortaleza, sua cidade de adoção, iniciando seus estudos no prestigioso Liceu do Ceará.

Aos 13 anos de idade debuta no jornalismo profissional, passando a escrever nas páginas policiais do jornal O POVO , noticioso recém fundado por Demócrito Rocha. Ingressa, anos após, na Faculdade de Direito do Ceará, vindo a concluir o curso na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro.

Devotou, a partir de então, toda a sua vida ao magistério e à reflexão e elaboração teórica no campo da ciência política, da filosofia do direito, da teoria do estado e do direito constitucional.

Suas obras “Dos fins do Estado”, “Do Estado Liberal ao Estado Social”, tese com que logrou alcançar a cátedra de Teoria Geral do Estado na Faculdade de Direito do Ceará e os títulos de doutor em direito e livre-docente, “Ciência Política”, “Teoria do Estado”, e aquela que para muitos seria sua opus Magnum, “História Constitucional do Brasil”, em coautoria com o Deputado Federal Antonio Paes de Andrade, constituem-se referenciais teóricos de grande importância para os estudiosos do direito, da política e do estado.

Intelectual que não fugia aos chamados do dever cívico, jamais se furtou a contribuir com o debate político e a causa democrática. É de sua autoria o parecer intitulado “O processo por crime de responsabilidade do Presidente da República”, sobre que se fundou o pedido de impeachment formulado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que culminou com a deposição do presidente Fernando Collor de Mello.

A par de sua imensa contribuição à cultura jurídica e do reconhecimento internacional, da perenidade de sua obra, o professor Bonavides nos deixa um legado de dignidade e probidade pessoal. Um homem que viveu o que pregou e defendeu. Um exemplo a ser seguido nestes tempos tão faltos de valores e de mediocrização da vida pública brasileira.

Ao mestre de gerações, todas as homenagens.

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Hélio Leitão, Presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB.