Recorremos diariamente aos que se foram e a acontecimentos passados para nos orientar sobre o nosso presente e futuro. Entendo que projeto de futuro é doar-se ao caminho dos que conosco estão e dos que virão, e estabelecer novos conceitos e paradigmas, com a finalidade de proporcionar uma relação mais justa em nossa sociedade.

A data de 21 de março nos traz à lembrança a Luta Contra a Discriminação Racial e essa luta é um marco na batalha pelas conquistas de direitos sociais para a população negra. A data foi instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas) em memória às 69 vítimas fatais do “Massacre de Sharpeville”, ocorrido em 1966, na África do Sul.

O Dia Internacional da Luta contra a Discriminação Racial nos coloca frente aos nossos que se foram nas mais variadas tragédias que o racismo estrutural pôde proporcionar, trazendo uma profunda reflexão sobre as estratégias existentes de combate a fera do racismo que continua ceifando milhares de vidas diariamente. O que estamos fazendo para combater, de fato, a discriminação racial?

Aos poucos, vamos aprofundando o debate étnico racial na nossa sociedade, criando e reavaliando os mecanismos existentes para construção de um espaço equânime, como é o caso das legislações existentes de combate ao racismo e empenho das instituições, sobretudo da Ordem dos Advogados do Brasil, que junto a sociedade civil, desempenha um papel fundamental na tentativa incansável em mudar esse cenário de desigualdades.

Para honrarmos a data, é essencial que avancemos com a agenda de combate à discriminação. É necessário o fortalecimento do pacto coletivo antirracista entre a sociedade civil organizada e as instituições públicas e privadas e a expansão em massa das ações efetivas de combate à discriminação racial.

Que o dia 21 de março não se resuma apenas a uma reflexão do negro sobre a sua existência, mas que seja, também, a oportunidade para uma nação se insurgir contra o racismo estrutural arraigado no íntimo da sociedade brasileira fazendo valer, dessa forma, a existência de nossos ancestrais.

Clique aqui e confira o artigo publicado pelo jornal Diário do Nordeste.

Tharrara Rodrigues, membro da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-CE.