O Brasil tem marcado na sua história os vestígios nefastos de uma escravidão que massacrou milhares de corpos negros, que não podiam expressar suas individualidades e vontades, coisificados por mais de 300 anos.

A proibição a direitos básicos, como educação e saúde, provocou e continua provocando a subalternidade da população negra, todavia, isso não foi enfrentado de maneira passiva. Negras e negros lutaram com todas as forças para sobreviverem a esse mal provocado pelo Estado brasileiro. Algumas personalidades, como Tereza de Benguela, Aqualtune, Dandara dos Palmares, Dragão do Mar e Luiz Gama, foram nomes que também se somaram à luta para acabar com a escravidão no Brasil.

Todos nós, brasileiros, também somos responsáveis pelas marcas deixadas pelo período escravagista, uma vez que o negro sofre até hoje as consequências desse regime implantado no Brasil pelo europeu. Tentaram embranquecer a nossa sociedade, porém, sem sucesso. O povo resistiu, resiste e continuará resistindo. Pesquisas realizadas em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) concluíram que os negros representam 56% (cinquenta e seis por cento) da população brasileira.

Um fato que deve ser relembrado ocorreu em 21 de março de 1960, na África do Sul. Nesse dia 20 mil negros protestavam pacificamente contra uma lei que limitava os lugares por onde eles podiam circular. Embora a manifestação ocorresse pacificamente, 69 pessoas morreram e outras 186 ficaram feridas, no episódio que ficou conhecido como O Massacre de Shaperville, o que levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a instituir essa data como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.

O mundo ainda está distante de exterminar o racismo. Precisamos lutar todos os dias pelas garantias de direitos e pela aplicabilidade de ações afirmativas, a fim de que se possa buscar, um dia, a igualdade entre todos os povos.

Que o Dia Internacional Contra a Discriminação não seja apenas lembrado em março, mas, sim, em todos os meses e em todos os dias, de todos os anos.

Paulo Henrique Borges, presidente da Comissão de Promoção da Igualdade Racial da OAB-CE

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