A tendência é que cresça a entrega de armas de fogo, já que o valor da indenização aumentará na próxima sexta-feira

O Ceará ocupa a terceira posição no Norte e Nordeste em armas entregues para a Campanha Nacional de Desarmamento, de acordo com dados do Ministério da Justiça. De maio de 2011 até novembro deste ano, o Estado coletou 938 armas. E esse número poderá aumentar com o reajuste da indenização da campanha. A partir de amanhã (30) quem entregar arma de fogo para destruição irá receber de R$150 a R$ 450 de acordo com o tipo e carga do armamento. Antes, os valores variavam de R$100 a R$300.

Somente em outubro, o sistema de Segurança Pública apreendeu 513 armas irregulares no Estado, conforme estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), disponíveis no site da instituição. Destas, 239 em Fortaleza.

Em relação à campanha, São Paulo lidera o ranking no País, com 17.129 armas. O Ceará ocupa a nona posição nacional e só perde para a Bahia (6.547) e Pernambuco (2.993) no Norte e Nordeste. De maio de 2011 a novembro de 2012, foram arrecadadas, no Brasil, cerca de 58.667 armas. A ação garante o anonimato, a inutilização imediata do artefato e também a agilidade no pagamento da indenização, que pode ser sacada após 24 horas e em até 30 dias.

Segurança

No Ceará, existem postos de coleta em seis municípios: Canindé, Crateús, Fortaleza, Juazeiro do Norte, Russas e Sobral. Na Capital, é possível entregar armas nos 5º e 6º Batalhão da Polícia Militar, na Divisão de Homicídios e na Delegacia Geral da Polícia Civil, no Comando Geral da Polícia Militar, no Batalhão da Polícia Comunitária, na Polícia Federal e na superintendência da Polícia Rodoviária Federal.

Segundo o chefe da Delegacia de Repressão ao Tráfico Ilícito de Armas (Delearm) da Polícia Federal, delegado Hider Antunes, o perfil de quem entrega as armas no Ceará para destruição é variado. “Temos desde o sitiante que usava a arma para se proteger de possíveis ladrões na sua propriedade até empresários”.

Para o pesquisador do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e Violência da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Geovani Jacó de Freitas, o desejo de se ter uma arma é cultural e reflete a desconfiança nos mecanismos de segurança do Estado. “Apesar de a arma ser um instrumento de ataque, as pessoas a vêem como uma forma de defesa, já que não acreditam que possam ser protegidas pelas políticas do poder público”, analisa.

Apesar de reconhecer a importância da campanha para a conscientização das pessoas, o pesquisador questiona a sua eficácia na diminuição da violência. “Medidas como essas só se tornam eficazes quando associadas a mudanças estruturais no modo de gestão das políticas de segurança pública”, aponta.

Campanha

938 armas de fogo foram coletadas no Estado do Ceará de maio de 2011 a novembro deste ano. Somente em outubro, 513 armas irregulares foram apreendidas.

Fonte: Diário do Nordeste