As Faculdades do Largo do São Francisco (SP) e a de Olinda (PE) foram os dois primeiros Cursos Jurídicos instalados no Brasil, em 11/8/1827, transformados em centros galvanizadores de atividades intelectuais e políticas.

Pela primeira, passaram vultos exponenciais, a exemplo de Rui Barbosa, Campos Sales, José de Alencar – es

te último ministro da Justiça de Pedro II. Em Olinda, graduou-se Tomás Pompeu de

Sousa Brasil, posteriormente senador e líder de corrente política que comandou os destinos do Ceará, através de muitos de seus descendentes.

A nossa Faculdade, em 110 anos, permite-nos relembrar a sua contribuição aos ideais democráticos, incorporando ao contexto docente muitos dos que pontificaram no cenário partidário, como Menezes Pimentel, meu professor de Direito Romano; Olavo Oliveira, senador; José de Borba, Flavio Marcílio, deputados federais; além do constitucionalista Álvaro Costa, dos penalistas Clodoaldo Pinto e Luiz Cruz de Vasconcelos, bem como o médico Otavio Lobo, depois deputado federal e tantos outros, como Andrade Furtado e o tribuno Perboyre e Silva.

Na 2ª Guerra Mundial, o Centro Acadêmico, de cuja diretoria fiz parte, transformara-se em bastião d

a causa aliada, construindo o obelisco da vitória, na luta contra o totalitarismo.

No governo Café Filho, surgia a UFC, sendo o seu mais devotado propugnador o saudoso Martins Filho, a cujo lado trabalhei, em seu Escritório de Advocacia, numa experiência fascinante, que se não delongou por mais tempo, em razão do vei

o político que assimilara, ensejando-me a oportunidade de projeção em meu Estado e no País, quando me vi guindado à Chefia do Poder Legislativo, como único coestaduano a ocupar o honroso posto no Congresso Nacional.

Devo à formação consolidada, na nossa vetusta Faculdade, do sentimento de Cidadania, robustecido na ANC, com o inolvidável Ulysses Guimarães, a quem me vinculei pelos liames de respeitabilidade.

Em 11 mandatos parlamentares, revejo-me, porém, discente de nossa Salamanca, vivenciando aqueles arroubos na reite

ração de ardor cívico, que ora recordo, ao registar os seus 110 anos.

As reformulações curriculares, efetivadas ao longo de algumas fases inspiradas em decisões de Conselhos e Ministério, espelham ajustamentos postulados em face de realidade emergente, indicados por diretrizes de sustentabilidade inadiável.

Os acervos existentes são repositórios de jornadas gloriosas que engrandecem o Ensino Jurídico, mesclando-o com tendências libertárias, que se transformaram em apanágio de porfias indormidas, ora recordadas nesta coluna, que teve a sua origem no idealismo de Demócrito Rocha e seus seguidores.

A rememoração vale como incentivo para que prossiga revitalizado na confiança em que jamais se desfigurará trajetória de lutas incessantes, decorrentes da tenacidade de patronear expectativas de conotação nobilitante.

Mauro Benevides

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Deputado federal e ex- aluno do curso

Publicado no Jornal O Povo, 02/03/2013.