A visita do Papa Francisco, neste momento de forte tensão nas nossas relações sociais e principalmente na relação entre o povo e os seus representantes formais, notadamente os que ocupam cargos públicos, vem como uma coincidência pedagógica coletiva para refletirmos o que realmente é um líder que encontra sua legitimação através dos seus, na percepção de que desta liderança encontramos a identificação com atos que resultam em um sentimento de empatia e de confiança representativa.

“Se é melhor ser amado do que temido? A resposta é que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar. De fato, pode-se dizer dos homens, de modo geral, que são ingratos, volúveis, dissimulados; procuram esquivar-se dos perigos e são gananciosos; se o príncipe os beneficia, estão inteiramente ao seu lado”. (Maquiavel)

O Papa Francisco (capa da prestigiada revista americana Time, desta semana, com o título: “O Papa do Povo”) antes de demostrar que é um chefe de confiança para o seu povo (o incrível número de 1,2 bilhão de católicos, distribuídos no mundo inteiro e em uma instituição bimilenar), preferiu demonstrar que confia nele.

Ao contrário do diz Maquiavel, para o Papa, os homens são bons, gratos, verdadeiros e merecedores de todos os méritos.

De tal forma que foi se criando, se construindo, se legitimando, se comprovando, em palavras e nas suas ações consequenciais, este líder, que em definição conceitual é aquele que inspira as pessoas, que provoca atos individuais e comunitários, que faz refletir, que influencia, e que se torna referência.

Onde estão os líderes brasileiros?

É o que verdadeiramente as manifestações de rua perguntam?

Onde estão nossos líderes?

O que fizeram com eles?

Eis a voz da multidão nas ruas: Estes aí, não me representam.

Eles quem? Dilma, Feliciano, Sarney, e tantos outros.

Eles não nos representam.

Assim, se alguém não representa um outro, aquele não é líder de ninguém.

O Papa Francisco é um verdadeiro líder político (no melhor sentido etimológico), que ensina constantemente que confia nos seus e, portanto, os respeita e coloca-lhes responsabilidades também, que diz assim, não se interessem pelas vaidades que sustentam um mundo dos poderosos arrogantes e usurpadores. Que diz assim: não se interessem pela aparência do consumismo que nunca satisfaz. Que diz assim: a corrupção é abominável e que a vida é o bem supremo e direito igualitário de todos.

Ele ensina, como o legítimo líder, a fazer, de forma inspiradora, a transformação da vida em sociedade através de valores que já deram uma basta numa realidade que não se quer mais. Este é o líder que esperamos. Um líder mestre, para um sociedade a procura de líderes.

Vanilo de Carvalho é advogado, professor, Diretor da Fesac e membro da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-CE