Valmir Pontes Filho

Quando jovem fui instado a fazer concurso para a magistratura. Mas, sem qualquer pendor para essa difícil e nobre atividade, desisti. Preferi ser advogado público (Procurador do Estado, por concurso público), até que me aposentei (precocemente, admito, por desilusões pessoais que tive). Retornei à advocacia privada, com amor e dedicação.
Vitórias e derrotas tive, estas últimas, algumas vezes, por me faltarem “armas” para enfrentar a batalha em curso. Notadamente quando as lutas não eram éticas. Mas tudo bem… cada qual com seu cada qual.

Hoje, vejo velhos e novos juízes amargurados, com medo de exercer o seu mister. Alguns são preguiçosos, despreparados, arrogantes, mas representam uma ínfima minoria. A maior parte deles é dedicada e séria, mas sobrecarregada, sem ter como suportar a demanda que lhes é imposta. Destes tenho misericórdia, pois ser juiz virou uma “profissão de risco”.

Existem magistrados, notadamente das Cortes Superiores, que se imaginam acima do bem e do mal… acima de Deus quiçá. Acham que tudo podem, a teor de suas pessoais e íntimas convicções. Os do STF, então, estão muitos (há exceções, claro) a se considerarem imortais e inatingíveis… não andam no chão dos comuns, mas “levitam”.

Juiz não pode deixar de estar no local de trabalho à hora determinada, nem deixar de atender às partes e aos advogados. Sem, porém, abdicar de sua independência e postura altaneira. Não é impossível conciliar essas duas coisas. Humildade, coragem e orgulho profissional não são incompatíveis.

Toda regra tem exceção, exceto uma: vamos morrer um dia… e aí, como ficaremos diante da Suprema Justiça? Desta ninguém escapa.

Ser Juiz é ser culto, preparado, consciente, justo e humilde. É ser um igual a quem é julgado.