Dos muitos avanços da medicina nas últimas décadas, que nos permitiram ver bebês fertilizados fora do corpo da mulher, clonagem de animais, pesquisas com células tronco, tratamentos revolucionários para cura de doenças raras, poderíamos afirmar que para a ciência não há limites.

No entanto, essa assertiva não é absoluta, posto que ainda não houve quem inventasse um substituto para o que temos de mais precioso em nós: o sangue, substância vital, que permite a oxigenação e defesa ao nosso organismo, impossível de ser reproduzido em laboratório, adquirido comercial ou judicialmente, não existindo outra forma de ser adquirido senão através da doação.

Doar sangue é um gesto altruísta, que possibilita às pessoas que necessitam de transfusão ou de um dos seus hemoderivados uma chance real de sobreviver. Um gesto gratuito fundado na solidariedade, mas que de tempos em tempos a comemoração dá espaço às campanhas cujo objetivo é tirar o HEMOCE do estado crítico, buscando captar pessoas para recuperar seus estoques quase zerados, realidade também presente nos demais Estados do País.

Se considerarmos que menos de 2% da população do Brasil doa sangue com regularidade, entenderemos o motivo pelo qual não se consegue cobrir a demanda sem preocupação. Alinhado a isso, observemos o cenário atual de violência que superlota as emergências, o aumento de casos de doenças como leucemia, hemofilia e outras relacionadas ao câncer, encontramos uma situação extremamente delicada e que nos desafia.

Devemos desfazer, na sociedade, os mitos que afastam os doadores e angustiam as equipes de saúde. Doar sangue dói menos que ver uma mãe enterrar um filho por falta de uma transfusão ou de algum hemoderivado; o fato de você doar uma vez não te obrigará a doar sempre, a não ser que esse seja o seu desejo; pode-se adquirir alguma doença durante o procedimento; doar afina ou engrossa o sangue. Nada disso é real, devendo-se considerar somente alguns requisitos para que se possa fazer a doação, tais como peso mínimo do doador (50Kg), gozar de boa saúde, ter entre 16 e 65 anos e estar alimentado.

Só se sabe o valor de uma doação quando efetivamente necessita dela para si ou para algum ente querido, e é exatamente esse ato solidário e humano que torna a doação tão importante para a sociedade. Jamais um slogan foi tão fidedigno quando assim convoca a população: “Doe Sangue, Doe Vida” pois “doar é um ato de amor”!

Laciana Lacerda
Membro da Comissão de Saúde da OAB/CE