Nesta semana, na cidade de Fortaleza, foram noticiados vários atos de violações contra mulheres, fato que só foi percebido devido a repercussão das imagens nas mídias sociais. Diante disso, nos deparamos com a necessidade de coibir o ciclo da violência contra as mulheres do nosso Estado.

No Ceará, de janeiro a maio de 2021, de acordo com o balanço realizado pelo Núcleo de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Nudem), da Defensoria Pública do Ceará (DPCE), que atua dentro do equipamento da Casa da Mulher Brasileira, foram realizados 5.342 atendimentos.

Para nós, profissionais, que atuamos na linha de frente, seja no apoio psicossocial ou no jurídico, é estarrecedor o que vemos e ouvimos das dores e dos traumas das marcas emocionais e físicas deixadas pelos agressores. A violência atinge a todas, fazendo necessária políticas públicas mais assertivas, com práticas restaurativas que auxiliem na ressignificação dos danos das vítimas e de seus filhos, os quais muitas vezes presenciam tais situações e mais a frente replicam os padrões da violência.

Destaca-se, que independente da vontade das vítimas, as denúncias são públicas e incondicionadas, sendo o Ministério Público o órgão responsável para acompanhá-las e atuar na responsabilização dos autores da violência.

Os desafios para garantir os direitos fundamentais destas mulheres estão na ampliação dos equipamentos e serviços de Proteção às Vítimas, com a criação de delegacias e órgãos especializados com atendimentos restaurativos, com profissionais capacitados no acolhimento e escuta. Além, do fortalecimento do Sistema de Garantias de Direitos com projetos que ajudem na ressignificação de seus traumas.

Ainda há muito que fazer e cuidar, inclusive, do próprio autor da violência, que precisa romper com o ciclo, ser tratado e responsabilizado por tal feito. Pois, o ciclo da violência só poderá ser quebrado ao trabalhar com os dois atores envolvidos.

Do outro lado, enquanto sociedade nos cabe, ter consciência de que a culpa nunca é da vítima e que quebrar paradigmas e condutas de uma cultura machista deve ser realizada por cada um. Lembre-se que acolher, cuidar e proteger é essencial para salvar e transformar vidas.

Clique aqui e confira o artigo publicado pelo jornal O Povo.

Jéssica Araújo, membro da Comissão de Educação e Cidadania da OAB-CE.