A data foi criada no final da década de 90, durante o 1° Seminário Nacional de Lésbicas, sendo esse mês o escolhido para lembrarmos da existência da mulher lésbica – mulher ou indivíduo não-binário que que experimenta amor romântico ou atração sexual por outras mulheres -, em face de violências sofridas, invisibilidade e pautas que o movimento reivindica.

Durante um longo período de tempo, a militância LGBTI+ focou apenas nas relações sexuais/afetivas de homens gays, invisibilizando as vivências dos demais indivíduos que compõem a sigla. Inclusive por conta disso e de reivindicações feministas a sigla muda de GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) para LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros), na tentativa de minimizar preconceitos e subjugações históricas sofridas pelas mulheres.

Dessa maneira a importância da criação de um dia para a visibilidade lésbica é de extrema importância, não apenas pela luta diária de todas ao longo da história, mas para romper barreiras, preconceitos velados e descarados. Dados estatísticos nos trazem que a LESBOFOBIA (formas de negativação em face de mulheres lésbicas como indivíduos, casal e/ou grupo social), têm aumentado a cada ano que passa no Brasil e infelizmente o LESBOCÍDIO também, entre 2014 e 2017, o número de assassinatos de mulheres lésbicas aumentou em média cerca de150%. Em janeiro e fevereiro de 2018, foram registrados 26 casos de assassinatos de mulheres lésbicas, todavia à falta de dados oficiais e estudos padronizados, dificultam a apuração correta desses dados, prevendo-se assim que esses números sejam ainda maiores. Abaixo podemos ter uma noção de como essas mulheres foram executadas no ano de 2017:

A comunidade lésbica possui diferentes formas de celebrar o seu orgulho e por possuir diversas especificidades, é necessário adentrarmos um pouco na história do movimento para o entendermos melhor.

Na década de 1990 surgiram diversas subculturas lésbicas, como as “lésbicas de batom” e “lésbica chic”, estas tinham a feminilidade como uma ferramenta de afirmação, indo de encontro a estereótipos criados por lésbicas feministas radicais das décadas de 1970 e 1980. Alguns estudiosos utilizam o termo lésbica de batom como sinônimo de femme, já outros afirmam que esses dois termos não são sinônimos, uma vez que femmes (lésbicas com trejeitos femininas) procuram relacionamentos com butches (lésbicas com trejeitos masculinos), enquanto “lésbicas de batom” se relacionam somente com “lésbicas de batom”. Logo abaixo podemos ver a bandeira criada para “lésbicas de batom”.

Abaixo podemos ver uma bandeira que ganhou também bastante popularidade e é composta por quatro faixas horizontais com o mesmo tamanho, com os seguintes significados:
– Roxa: Lésbiques não-bináries e trans;
– Rosa: Lésbicas femmes e de batom;
– Cinza: Lésbicas a-espectrais;
– Azul: Lésbiques butch e que usam o/ele/o;

Todavia a bandeira acima foi bastante criticada por possuir tons muito pasteis. A página “fandomshatelgbtqpeople” da plataforma “Tumblr” resolveu então elaborar uma versão da bandeira mais escura, como podemos ver logo abaixo. De qualquer forma atualmente, é muito difícil encontrar qualquer dessas versões dessa fora da plataforma “Tumblr”.

Uma bandeira que ganhou bastante popularidade fora da plataforma “Tumblr” foi a criada por Lydia, codinome: “lydiandragon” na plataforma “Medium”. Ela foi baseada em um poema da Safo (célebre poetisa grega da ilha de Lesbos, contemporânea de Pítaco e Alceus), onde sua amada usava violetas, botões de rosa, ramos de endro e crocus como acessórios.

Essa bandeira por ser composta por cores muito fortes, foi bastante criticada, desse modo Max com codinome: “hiscetalfredo” da plataforma “Twitter” sugeriu adicionar uma faixa branca no meio, que abrangeria dessa maneira mulheres lésbicas “trans” e inconformistas de gênero. Assim, a bandeira resultante ficou com os seguintes significados:
– Roxa: amor sáfico;
– Rosa: fragilidade;
– Branca: lésbicas “trans” e inconformistas de gênero;
– Amarela: força;
– Verde: recuperação/cura.

THAMIRES ALVES GARCIA, OAB n° 35078.  (VICE-PRESIDENTE DA COMISSÃO DA DIVERSIDADE SEXUAL E GÊNERO DA OAB/CE)

REFERÊNCIAS
BREMMER, Jan N. De Safo a Sade momentos na história da sexualidade. Campinas: Papirus, 1995.
DUARTE, Marcelo. O Guia dos Curiosos – Sexo. São Paulo: Companhia das Letras. página 267 , 2001.
HEILBORN, MARIA LUIZA. Dois é par – gênero e identidade sexual em contexto igualitário. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Chegou a hora de cuidar da saúde – um livreto especial para lésbicas e mulheres bissexuais. SE/SAA/CGDI/Editora MS – Brasília/DF – dezembro – OS 1334/2006.
NAVARRO-SWAIN, Tania. O que é lesbianismo?.São Paulo: Brasiliense, 2004.
<https://medium.com/todxs/visibilidade-lesbica-agosto-d701658d1df>. Acesso em 29 de julho de 2019.
<https://portalctb.org.br/site/component/tags/tag/1-seminario-nacional-de-lesbicas >. Acesso em 29 de julho de 2019.
<https://pt.wikipedia.org/wiki/LGBT >. Acesso em 29 de julho de 2019.
<https://orientando.org/listas/lista-de-orientacoes/lesbica/>. Acesso em 29 de julho de 2019.
<https://fandomshatelgbtqpeople.tumblr.com/>. Acesso em 29 de julho de 2019.
<https://conceitos.com/lesbofobia/>. Acesso em 29 de julho de 2019.
< https://www.politize.com.br/lesbocidio-no-brasil/ >. Acesso em 29 de julho de 2019.
<https://www.editorarealize.com.br/revistas/enlacando/trabalhos/TRABALHO_EV072_MD1_SA25_ID1008_13082017234548.pdf>. Acesso em 29 de julho de 2019.