O advogado Djalma Pinto promove na próxima sexta-feira, 27, o lançamento de seu mais novo livro, “A Cidade da Juventude – Formação e consciência política para jovens”. O evento acontecerá a partir das 19h, na Livraria Cultura de Recife (Paço Alfândega – rua Madre de Deus, s/n).
 
Com atuação em direito eleitoral, ex-procurador geral do Estado do Ceará e autor do livro “Marketing, política e sociedade”, Djalma Pinto coloca em debate no novo livro a consciência sócio-política dos jovens brasileiros.
 
Na obra, os jovens, revoltados com os crescentes exemplos de corrupção de muitos adultos – que roubam até o dinheiro da merenda escolar destinada às crianças pobres – resolveram criar a sua própria cidade e elaboraram uma Constituição, proibindo toda pessoa desonesta de exercer o poder político.
 
Confira abaixo entrevista com o autor:
 
Como o Sr. avalia a consciência política dos jovens brasileiros?
 
Precisa ser aprimorada. É necessário, em primeiro lugar, estimular o cultivo do espírito público. Ou seja, estimular os jovens para que sintam satisfação em fazer o melhor pela sociedade. Não pratiquem ações que causem prejuízo às pessoas, como por exemplo, quebrar telefones públicos, pichar a escola etc. É preciso que compreendam desde cedo que o dinheiro pago pelo contribuinte ao Estado é coisa sagrada, devendo ser respeitado por todos e aplicado corretamente para satisfazer o interesse coletivo.
 
Houve um avanço na participação política destes jovens, nestes últimos 10 anos?
 
Os jovens de hoje demonstram uma compreensão melhor em relação ao meio ambiente, do que aqueles das gerações passadas. Isso comprova que, assim como a atual geração foi estimulada a preservar a natureza, pode ser induzida a ter respeito pelas coisas públicas, sentindo-se cada pessoa gratificada em colaborar com a sua comunidade. Mas, percebe-se, também, certa indiferença dos jovens em relação à política, em decorrência dos péssimos exemplos dos políticos da nova e da antiga geração. Especialmente, por parte daqueles que usam o poder, utilizam o mandato que recebem do povo para desviar dinheiro público, ficarem ricos sem sofrer sanção alguma. O mau exemplo é devastador na formação política dos jovens.  
 
Eles conseguem ter uma visão ampla sobre cidadania e a convergência entre a sociedade e a política?
 
Em face da falta de líderes, que não sejam reféns do dinheiro, nem usem o poder para favorecimento pessoal, não há paradigma de homens públicos, infelizmente, a ser seguido pelos jovens. Isso precisa ser mudado. Os jovens de hoje serão os grandes homens públicos de amanhã. Espera-se que não sigam os exemplos degradantes daqueles que somente conseguem ver o poder político sob a ótica do seu próprio interesse; que não sabem trabalhar em benefício da sociedade. Essas pessoas são egoístas, pobres de espírito, sem noção sobre a real finalidade do Estado e do poder político. Precisamos estimular os jovens a serem diferentes. A compreender o poder político como um instrumento para servir à sociedade. Sem espaço para a corrupção. Somente assim, ao se afastarem da política serão exaltados pelo povo. Devem se inspirar no exemplo de Nelson Mandela.
 
Quais os principais entraves?
 
Os principais entraves para uma melhor compreensão sobre a cidadania e a política, residem na dificuldade das pessoas em fazer o melhor pela coletividade. Muitos políticos, como já afirmado, somente conseguem pensar no poder através da ótica do seu próprio interesse. Isso estimula o egoísmo. Para agravar a situação, aqueles que desviam dinheiro do povo não sofrem punição alguma. Não devolvem a verba desviada, passando a falsa idéia de que não são pessoas altamente nocivas à sociedade. A constatação da impunidade entre os homens que exercem o poder, seja no âmbito do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, impede que os jovens tenham uma noção exata do papel do homem público e da grande missão que compete à política realizar.

Como os adultos podem participar deste projeto de conscientização sócio-política?
 
Em primeiro lugar, dando pelo menos, bons exemplos para a geração em formação. A atual geração é educada através dos exemplos, das lições e através dos valores passados pelas pessoas mais velhas. Os adultos que exercem o poder em qualquer esfera devem assumir o compromisso de não cometer ilícitos. Não podem praticar crimes. Devem aplicar corretamente o dinheiro público. Devem priorizar o interesse coletivo, não nomeando pessoa incompetente ou desonesta para cargo de chefia, afastando do comando de qualquer instituição pública quem desvia verba, mostrando, enfim, sua determinação em fazer o melhor pela coletividade, não ficando refém do fisiologismo que impede a prosperidade e a fruição de igualdade, que se conquista através de escola pública de boa qualidade para as crianças carentes.