A Apamagis (Associação Paulista de Magistrados) promoverá um torneio fechado de golfe, reunindo advogados, desembargadores e juízes, com recursos levantados em empresas privadas e escritórios de Advocacia.

O "Torneio de Golfe Apamagis" acontecerá no sábado, no Guarujá, em parceria com o Guarujá Golf Clube e a OAB-SP. Cotas de patrocínio entre R$ 5.000 e R$ 25 mil foram oferecidas como "investimento" a escritórios de Advocacia e empresas, em proposta da qual constam logotipos da Apamagis e do clube.
 
Correspondência da Swot Mercado Ltda., que captou os recursos, prometia "uma ação sob medida" para estreitar o relacionamento com os juízes. "Agimos rigorosamente com a anuência da Apamagis e do Tribunal de Ética da OAB", diz Camila Santos, diretora da Swot. As informações são da Folha de S. Paulo, hoje, 10, em matéria assinada pelos jornalistas Frederico Vasconcelos e Aguirre Talento.
 
O valor do patrocínio define o número de jogadores inscritos e o tipo de promoção durante o evento. Por exemplo, a CNC Solutions, que fornece sistemas de digitalização de processos a tribunais, poderá indicar até seis advogados para jogar golfe, além de expor a sua marca em placas e banners.
 
Outros detalhes: a Menendez Amerino oferecerá charutos para degustação; a Vodka Grey Goose promoverá degustação de bebidas; a concessionária BMW Agulhas Negras disponibilizará veículos para testes; e o Hotel Sofitel Jequitimar sorteará uma hospedagem de fim de semana em apartamento duplo.
 
Contrapontos
 
* O presidente da Apamagis, desembargador Paulo Dimas Mascaretti, do TJ-SP, disse que o evento foi idealizado pelo presidente do clube, advogado Miguel Calmon e  "será um congraçamento, para comemorar a instalação dos cursos jurídicos no Brasil". Segundo ele, "a Apamagis não cuidou de solicitar ou arrecadar qualquer importância, assumindo o Guarujá Golf Clube a responsabilidade por toda a organização". Ele também disse que "como pessoa jurídica de direito privado, a Apamagis não está impedida, sob o aspecto legal ou ético, de firmar parcerias institucionais e comerciais para a realização de eventos".
 
* A Menendez Amerino, que ofereceria charutos para degustação, informou – depois de procurada pela Folha – que "cancelou sua participação". 
 
* O presidente do Tribunal de Ética da OAB-SP, Carlos Roberto Mateucci, diz que escritórios de Advocacia vão participar  como "colaboradores" e que não buscam "qualquer proveito". Ele é sócio da Yarshell, Mateucci e Camargo Advogados, que apoia o torneio.
 
* O presidente do Guarujá Golf Club, advogado Miguel Calmon, diz que a participação de clientes foi evitada. "As colaborações e patrocínios não são em valores expressivos", afirma.
 
* Luiz Arthur Caselli Guimarães Filho, sócio do escritório Duarte Garcia Caselli Guimarães Terra Advogados, afirma que "essa é uma iniciativa que deveria ser aplaudida". Segundo ele, magistrados, bacharéis e promotores costumavam realizar um torneio na década de 80. "A gente achou que era interessante retomar o convívio".
 
* O advogado Ronaldo Martins disse que, antes de colaborar, pediu que o Tribunal de Ética da OAB analisasse a proposta. "Estamos tranquilos. É um evento esportivo que cumpre os requisitos legais e éticos", diz.
 
* Em nota, o escritório Porto Advogados diz que, "sensível a questões sociais, não teve dúvidas em responder afirmativamente ao chamamento da OAB-SP (…) para apoiar evento (…) em prol da Creche Benedito Lellis, que cuida de crianças carentes".
 
* O gerente-geral do Sofitel Jequitimar Guarujá, João Carlos Pollak, diz que a rede patrocina todos os torneios do Guarujá Golf Clube. Afirma, ainda, que o sorteio de uma estadia para os inscritos no torneio "é uma forma de incentivarmos a modalidade e apoiarmos a integração de magistrados e advogados por meio do esporte".
 
* A concessionária BMW Agulhas Negras diz que "o interesse no patrocínio é manter aproximação com o público do evento".
 
* Pedro Caramuru, gerente de marketing da Grey Goose no Brasil, disse que o valor da cota é confidencial. "É um momento importante para gerar exposição do produto diante de um público formador de opinião, com poder aquisitivo elevado."
 
* Os escritórios Souza, Cescon, Barrieu & Flesch Advogados e Fleury Malheiros, Gasparini De Cresci e Nogueira Lima Advogados não se pronunciaram.
 
* A CNC Solutions e a Totvs não comentaram.
 
 
Fonte: Espaço Vital