Com brados em defesa de ética na política e palavras de apoio a um Conselho Nacional de Justiça (CNJ) forte, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, liderou a comitiva de advogados que participaram da Marcha contra a Corrupção e a Impunidade, realizada hoje (12) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

 

Ao fazer uso da palavra no caminhão de som – única entidade representativa da sociedade a fazê-lo -, Ophir defendeu uma Justiça mais comprometida e pregou o fortalecimento do CNJ como órgão com poderes para punir juízes que cometem desvios de conduta. "Juiz que não tem nenhum tipo de problema ético, juiz que é sério e honesto não teme qualquer tipo de fiscalização e muito menos um CNJ forte", defendeu Ophir. "Hoje, os advogados estão aqui, abraçando esta causa. E por que fazemos isso? Porque não temos rabo preso a nenhum partido político. Não devemos aquilo que recebemos a nenhum governo e a nenhum governante. Essa é a grande condição para que possamos vir, de peito aberto, defender essas bandeiras".

 

Ainda ao discursar do caminhão de som, o presidente da OAB desafiou entidades de magistrados ou do Ministério Público a saírem em defesa do combate à corrupção e de um CNJ forte e classificou liberdade e independência como as missões maiores da advocacia brasileira. "Podem ter certeza de que a OAB integra e apóia esse movimento. A Ordem seguirá trabalhando para que essas lutas sejam implementadas."

 

O presidente da OAB ainda se aliou à bandeira do Movimento de Combate à Corrupção, pelo fim do voto secreto, e reivindicou o julgamento célere, pelo Supremo Tribunal Federal, da constitucionalidade da Lei Ficha Limpa, à qual classificou de "luta da sociedade brasileira". "Precisamos exigir que o STF não só julgue, mas que diga à sociedade que essa lei representa a redenção dos costumes políticos neste país. Precisamos de uma política séria, em que o governante não faça da política uma extensão dos interesses privados".

 

Também estiveram presentes à marcha o secretário-geral adjunto da OAB Nacional, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, o diretor-tesoureiro da entidade, Miguel Cançado, e o ex-presidente do Conselho Federal da OAB, Cezar Britto. Entre os presidentes de Seccionais da entidade participaram da marcha Francisco Caputo (Distrito Federal), Claudio Lamachia (Rio Grande do Sul), Hélio Vieira (Rondônia), Henrique Neves Mariano (Pernambuco), José Lúcio Glomb (Paraná), Leonardo Avelino Duarte (Mato Grosso do Sul), Odon Bezerra Sobrinho (Paraíba) e Saul Quadros (Bahia).

 

Também estiveram presentes, pela OAB, representantes dos dirigentes das Seccionais, diversos conselheiros federais da entidade, presidentes de Comissões da OAB e advogados de todo o país.

 

A seguir a íntegra do discurso feito pelo presidente durante a Marcha contra a Corrupção e a Impunidade:

 

"Essa causa é da cidadania deste país. Não tenho dúvidas de que, a partir dessa marcha nas ruas, estamos conseguindo transformar a sociedade. A Ordem sempre se pautou pela luta, pela ética, pela moralidade, pelo combate à corrupção e a democratização do país. Para que possamos ter uma democracia forte, é necessário e fundamental que se tenha respeito às instituições e aos cidadãos brasileiros. Hoje, os advogados estão aqui, abraçando esta causa. E por que fazemos isso? Simplesmente porque não temos rabo preso a nenhum partido político. Não devemos aquilo que recebemos a nenhum governo e a nenhum governante. Essa é a grande condição para que possamos vir, de peito aberto, defender essas bandeiras. Liberdade e independência: essas são, cada vez mais, as missões da advocacia brasileira.

 

Podem ter certeza que a OAB integra e apóia esse movimento. A Ordem seguirá trabalhando para que essas lutas sejam implementadas. Eu desafio aqui a existência de uma entidade de magistrados ou do Ministério Público defendendo, de cara aberta, o combate à corrupção e defendendo com vigor um CNJ forte.

 

Para que o CNJ tem de estar forte? Justamente para que tenhamos uma Justiça transparente, que seja a representação da sociedade e daquilo que ela espera: uma Justiça série e comprometida. Juiz que não tem nenhum tipo de problema ético, juiz que é sério e honesto não teme qualquer tipo de fiscalização e muito menos um CNJ forte.  Por isso que a Ordem está aqui, para dar apoio a este movimento e termos um CNJ fortalecido.

 

Temos também a Lei Ficha Limpa, que é a luta da sociedade brasileira e que está prestes a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal. Precisamos exigir que o STF não só julgue, mas que diga à sociedade que essa lei representa a redenção dos costumes políticos neste país. Precisamos de uma política séria, em que o governante não faça da política uma extensão dos interesses privados.

 

Queremos também o fim do voto secreto. Chega do parlamentar se esconder atrás do sigilo. Isso decorre de uma política que não tem compromisso com a sociedade. Por isso, recebam de todos nós presidentes, conselheiros federais e estaduais da OAB e advogados do Brasil inteiro o nosso abraço. Podem ter certeza de que a Ordem, mais uma vez, está empenhada no combate à corrupção, para que tenhamos um país sério. Viva o Brasil!"