Passado, presente e futuro se intercalaram durante palestra do jornalista e escritor Lira Neto na última sexta-feira (29), no Teatro Nadir Papi Sabóia. O evento, promovido pela OAB-CE e Faculdade Farias Brito, reuniu advogados, acadêmicos de Direito, professores e historiadores deixando o teatro pequeno para debater os percursos e percalços do legado de Getúlio à política e ao Direito brasileiros. Na ocasião, Lira Neto lançou o último volume da trilogia Getúlio.
Na obra, Lira Neto reconstitui os acontecimentos políticos e pessoais mais importantes dos anos finais do ex-presidente entre a deposição por um golpe militar, em outubro de 1945, e o suicídio, em agosto de 1954. O livro revela ainda como a história do Brasil se entrançou com a vida de Getúlio, inclusive enquanto afastado do poder.
De acordo com Lira Neto, a obra – que finaliza a biografia de Getúlio Vargas em seu terceiro volume – é resultado de uma pesquisa realizada durante cinco anos e que consequentemente acaba por refletir qual o papel da Era Vargas às constituições do Brasil. Nos bastidores, Lira conta que precisou viajar para Alemanha, Itália, Estados Unidos, Argentina, Inglaterra e Uruguai para realizar as pesquisas.
“Escrever sobre Getúlio não foi uma tarefa simples, principalmente porque há muitas obras que retratam Getúlio Vargas numa relação de extremos: ou de amor ou de ódio”, ressalta. Tendo esse parâmetro, a isenção jornalística de Lira resultou numa obra que foge do lugar comum, se apropriando das imagens antagônicas santo-demônio e desconstruindo a personagem histórica.
Um dos pontos destacados por Lira no lançamento da obra foi o legado de Vargas às condições de trabalho no Brasil. “Vargas se apropria das bandeiras dos movimentos sindicais e, consequentemente, acaba por modernizar as relações de trabalho no país”, salienta.
Questionado sobre o fim da obra e se haverá possibilidade de um novo texto sobre Getúlio Vargas, Lira Neto afirma que os três volumes sobre a vida do político chegaram ao fim e não há razão para um ineditismo. “Estou com a sensação de missão cumprida. Neste momento, vivo o luto por ter chegado ao fim desta obra”, disse.
De acordo com o secretário geral da OAB-CE, Jardson Cruz, que esteve representando o presidente da instituição, Valdetário Andrade Monteiro, “a palestra e o lançamento da obra de Lira Neto têm sua importância não apenas literária, mas também jurídica, histórica e política, uma vez que tem-se um registro sobre o surgimento das legislações trabalhistas e do legado de Vargas para ao Direito Sindical”. Na ocasião, Jardson Cruz entregou uma placa ao jornalista Lira Neto em reconhecimento ao seu papel de promoção história política brasileira pela literatura (foto).
O lançamento da obra teve o apoio do vice-diretor da Escola Judicial do TRT 7, desembargador Antônio Parente; do vice-presidente da Amatra 7, juiz Ronaldo Feitosa; do presidente do TRT, desembargador Tarcísio Lima Verde; e dos professores da Faculdade Farias Brito, Glauco Cidrack, Lourenço da Mata Filho e Eduardo Pragmácio.