Nesta terça-feira (22/08), a Comissão da Mulher da OAB Ceará entregou mantimentos a uma mulher vítima de cárcere privado no município de Uruburetama. Maria Lúcia de Almeida Braga, de 36 anos, foi resgatada em março deste ano após ser mantida pelos próprios familiares dentro de um quarto sem contato com outras pessoas por 16 anos.
 
Para a secretária-geral da Comissão da Mulher da OAB-CE, Tereza Raquel, a Ordem acompanhou o caso desde o início e tomou as devidas providências. “A violência sofrida por Maria Lúcia fere gravemente a dignidade da pessoa humana e deixará sequelas por toda a vida. Imbuídos pela sororidade e solidariedade, lançamos uma campanha de arrecadação de roupas, alimentos e produtos de higiene pessoal para doar à Lúcia. Hoje foi um momento de muita emoção para todos, pois pudemos vê-la com saúde e com um bonito sorriso depois de tanto sofrimento”, relata.
 
O escrivão da Polícia Civil, Airton Rocha, que acompanhou a ação da OAB Ceará, relatou que no início da operação precisou abrir quatro lacres para chegar na porta do quarto e encontrar Lúcia. “Quando abrimos a última porta, ela estava totalmente despida e dormindo em uma rede. O quarto faltava uma parte do telhado, era a época das chuvas e ela se encontrava totalmente alheia a tudo que pudemos imaginar”, disse. 
 
Agora, a vítima está sob os cuidados de uma moradora do município, Fátima Araújo, que se solidarizou com a situação. “No começo foi meio difícil, mas hoje eu vejo que ela é uma companhia para nós aqui em casa. É uma amiga e eu faria tudo de novo, não me arrependo”, relata.
 
Para a coordenadora do Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), Irene Braga, a vítima já apresentou resultados consideráveis. “Antes ela não fazia nada das suas refeições e nem falava, mas agora esse cenário mudou. Para nós, que estamos acompanhando a Lucinha, é uma vitória poder tirar ela da situação que estava, conclui.