A Comissão da Mulher Advogada (CMA) da OAB-CE, juntamente com a CMA da Subsecção de Itapipoca e a Comissão de Direito Militar (CDM), manifestaram repúdio em relação ao caso das manifestações sexistas veiculadas em áudios que circularam em redes sociais na última quarta-feira (15), onde policiais militares proferiram comentários atentatórios à dignidade de policiais femininas. Através das notas de repúdio, as Comissões pedem às autoridades competentes que adotem todas as providências necessárias à apuração do caso, com a responsabilização administrativa e criminal de seus autores.

As falas, de forte conteúdo sexista, acontecerem durante conversa em um grupo de policiais militares no WhatsApp. O Comando Geral da Polícia Militar do Ceará (PMCE) abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso. Segundo as notas de repúdio das Comissões da OAB-CE, o conteúdo revela o preconceito que nutrem esses policiais militares em relação a suas colegas de farda, reforçando estereótipos machistas que contribuem para o fortalecimento de uma cultura de desrespeito e violência contra a mulher.

A presidente da CDM, Sabrina Melo, manifestou desapontamento com o caso, classificando como absurdo o episódio de discriminação contra a figura feminina dentro da corporação Polícia Militar do Ceará. “Temos absoluta ciência que este é um caso isolado, mas que merece fortemente a nossa repulsa, pois não enxergar nos dias de hoje o valoroso papel da mulher no mercado de trabalho é simplesmente não reconhecer a mulher como um ser social, pensante, capaz e igual. É um absurdo, nos dias atuais, onde metade dos lares são mantidos unilateralmente por mulheres, ainda brigarmos por reconhecimento feminino”, defendeu.

A membro da CMA da OAB Itapipoca, Thyara Barreto, acredita que o caso já está sendo apurado para que sejam tomadas imediatamente as devidas providências e que não seja considerado um ato dentro da normalidade. “O nosso papel é repudiar esses atos através das nossas redes sociais, realizar os encaminhamentos e orientações para as redes de proteção, disseminar conhecimento, pois muitas dessas vítimas não sabem para onde se dirigir quando sofrem com essas situações, até por que nossa cultura é extremamente machista e quer nos fazer acreditar que isso é comum. O que está mudando muito, mas precisa ser evoluído com apoio, capacitação de profissionais, acompanhamentos contínuos e fortalecimento dessa rede de proteção”, apontou.

Confira na íntegra a nota de repúdio da Comissão da Mulher Advogada da Subsecção de Itapipoca:

NOTA DE REPÚDIO

A Comissão da Mulher Advogada, da Subsecção de Itapipoca manifesta seu repúdio à manifestação dada em vários órgãos de imprensa, no dia de ontem, quarta-feira (15/07/20), quando um policial da Polícia Militar do Ceará (PMCE) deprecia em comentários machistas a atuação da mulher policial na Corporação.

Essa manifestação expressa o total desrespeito pelas mulheres que seguidamente são usadas para justificar uma cultura machista arraigada em nossa sociedade, que além de mostrar a face da violência que as mulheres sofrem todos os dias, e em todas as classes, colocando-a como algo aceitável e corriqueiro.

Desta forma, a Comissão dos Direitos da Mulher Advogada repudia e rechaça este tipo de violência contra as mulheres e considera o machismo um instrumento inibidor para que as mulheres alcancem espaços sociais e profissionais.

MAIS RESPEITO COM NOSSAS MULHERES!

Comissão da Mulher Advogada – Subsecção de Itapipoca/CE

Confira na íntegra a nota de repúdio da Comissão da Mulher Advogada da OAB-CE e da Comissão de Direito Militar (CDM):

NOTA DE REPÚDIO

A Comissão da Mulher Advogada (CMA) e a Comissão de Direito Militar da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Ceará, vêm a público manifestar o seu mais veemente repúdio em relação às manifestações sexistas veiculadas em áudios que circulam em redes sociais no dia 15/07/2020, em que policiais militares tecem comentários atentatórios à dignidade de policiais femininas.

As falas, de forte conteúdo sexista, revelam o preconceito que nutrem esses policiais militares em relação a suas colegas de farda, reforçando estereótipos machistas de há muito arraigados na sociedade brasileira e que contribuem para o fortalecimento de uma cultura de desrespeito e violência contra a mulher, desconsiderando seu papel destacado como profissional nas mais variados campos de atividade, no âmbito da segurança pública inclusive, espaço profissional até pouco tempo vedado a mulheres.

Assim, rogam às autoridades competentes que adotem todas as providências necessárias à apuração desse infeliz episódio de preconceito machista, com a consequente responsabilização administrativa e criminal de seus autores, medida que se impõe pelo respeito à legalidade, à dignidade da mulher e até para a preservação do bom nome da corporação.

Respeitem as mulheres que se dedicam à causa da segurança pública. Respeitem as mulheres. Sejam homens.

Christiane Leitão – Presidente da Comissão da Mulher Advogada

Sabrina Melo – Presidente da Comissão de Direito Militar