Ao contrário do que a maioria pensa, neste dia 21 de setembro, pessoas com deficiência não lutam apenas por suas vidas. Na verdade, a luta pela inclusão, diversidade e por um País mais acessível, alcança também pessoas sem deficiência. Uma realidade mais inclusiva irá beneficiar quem, hoje, não têm deficiência, mas venha a ter no futuro. Igualmente alcançará pessoas que, envelhecendo ou incidentalmente, tenham mobilidade reduzida, definitiva ou temporariamente. Também as famílias cujos novos membros venham a ter uma deficiência, sejam eles autistas, surdos, cegos, com deficiência física, intelectual ou demais deficiências.

O objetivo neste Dia Nacional de Luta, alcança toda sociedade, ainda manchada pelo capacitismo estrutural. Visa também a economia, até porque se toda a sociedade pode estudar, laborar e consumir, melhor para o Estado e para o mercado que sabidamente caminha para uma governança – público e privada – ambiental e social sustentável e responsável, ancorada em mais diversidade, equidade e inclusão.

Esse caminho perpassa pela efetivação dos direitos já conquistados, pelo acesso à justiça e na judicialização – e consequente condenação – de todas as pessoas que venham a praticar a discriminação e demais atos ilegais contra as pessoas com deficiência. O combate e vigilância contra o preconceito e discriminação têm que ser diários.

A luta por educação, empregabilidade, saúde, mobilidade urbana, comunicação, enfim, pela inclusão através da acessibilidade (que é meio), com a eliminação das inúmeras barreiras que tanto atingem (também) as pessoas com deficiência, é de todas, todos e todes nós. Esse deve ser um dos objetivos principais de qualquer sociedade que não quer passar recibo de injusta, ilegal e cruel.

Por isso mesmo, na próxima vez que ouvirem o grito por vagas e inclusão nas escolas, por rampas, calçadas, vagas decentes de emprego, por consultas, exames e terapias e diagnósticos – em suma, por dignidade – lembrem que não é apenas por nossas vidas. É pela vida de vocês também.

Emerson Maia Damasceno é presidente da Comissão Especial de Defesa dos Direitos da Pessoa com Autismo da OAB Nacional e da Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-CE.

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