Charles Louis de Secondat, o Barão de La Brède et Montesquieu, ou simplesmente Montesquieu, teve em sua genialidade uma enorme paixão: a moderação. Escreveu ele a respeito da decadência dos grandes impérios: “os extremos e os excessos não foram feitos para serem o curso normal das coisas”.

Sob o signo da moderação, suas ideias ficaram para a posteridade no consagrado e universal livro O espírito das leis. Para Montesquieu, a lei resguarda os homens da violência: “a justiça deverá ser eterna e não deve depender só das convenções humanas e, se dependesse, esta seria uma verdade terrível”, lembra o mestre francês, reiterando em sua longa obra, que a lei não deve ser, pois, expressão de violência de uma classe contra a outra.

Infelizmente, o que temos acompanhado nos últimos anos no Brasil e no mundo é a disseminação de uma cultura de extremos e de excessos, “todos contra todos”, onde a velocidade da informação circulante pela web promove, dia a dia, um show de horrores e bizarrices na ânsia vã de alcançar uma aparente notoriedade.

O cálculo das Nações Unidas é de que, em 2018, mais de um terço da população mundial faça login pelo menos uma vez por mês em alguma das redes sociais existentes. Isso significa que 2,58 bilhões de pessoas deverão contar com as redes sociais em suas rotinas. O número representa um crescimento de 9,1% em comparação com o estudo realizado em 2017, sendo que, para 2021, a previsão é de que 3,02 bilhões de pessoas em todo o mundo utilizarão algum tipo de rede virtual para relacionamento público.

Neste intrigante contexto social, apenas resta recorrer ao bom senso universal, amparado na lição de homens como Montesquieu, pois, tanto teremos que verificar as bilhões de informações postas na internet, como teremos de analisá-las para si e para formar outras opiniões, driblando desde conteúdos vazios até as famigeradas “fake news”, praga cada dia mais presente em todos os meios sociais.

Parece que, materialmente, o “mundo virtual” dá seu primeiro e claro sinal na tentativa de sufocar a verdadeira cultura e sua expressão racional. Tremei globo terrestre! .

Valdetário Monteiro
[email protected] Conselheiro do Conselho Nacional de Justiça/CNJ