Manifestação realizada, na manhã de quinta-feira passada, 14, pelos servidores grevistas do Departamento Estadual de Trânsito do Estado do Ceará (Detran) terminou em bate-boca com o Batalhão de Choque da Polícia Militar.

 

A confusão começou por volta das 7h, na sede do órgão, na Maraponga, quando os servidores tentaram impedir a entrada de pessoas que iriam fazer o teste de habilitação. Os grevistas alegaram que os exames não foram desmarcados.

 

"Apenas 30% deveriam ser realizados hoje (ontem). No entanto, eles colocaram 100% dos exames marcados para serem feitos, colocaram a população contra os trabalhadores. Esse foi o motivo do confronto", afirmou Eliene Uchoa, presidente do Sindicato dos Servidores do Detran (Sindetran).

 

Segundo a assessoria do Detran, antes da chegada dos alunos, os grevistas já haviam fechado os portões, sem saber a quantidade de pessoas que estariam prestando os testes.

 

Para permitir a entrada da população, o órgão acionou o Batalhão de Choque, que chegou ao local por volta das 10h30. Após bate-boca e empurra-empurra, a manifestação foi dissolvida e a entrada liberada.

 

Os cerca de 90 manifestantes foram contidos pelos 30 policiais que participaram da operação e seguiram para outra parte do prédio, onde continuaram reunidos. Às 11 horas, os exames foram iniciados. Ninguém ficou ferido.
 

Mesmo após o fim da manifestação, muitos alunos desistiram de fazer o teste de habilitação, com medo de serem reprovados pelos avaliadores.
 

O sub-gerente de supermercado Rafael Ribeiro não desistiu de fazer a prova, mas sentiu-se prejudicado pelo acontecimento. "A gente ficou com medo porque disseram que quem entrasse para fazer o teste seria reprovado. A gente chega cedo, já um pouco ansioso pelo teste, e quando encontra uma situação dessa desestabiliza o psicológico e o emocional da gente".
 

A presidente do Sindetran, Eliene Uchoa, disse que não teve conhecimento da informação e afirmou que faltou sensibilidade na solução do conflito, com a chamada do Batalhão de Choque . "A administração deveria ter tido a sensibilidade de resguardar a população. Uma confusão como essa altera o psicológico de quem vai fazer a prova", disse.
 

O presidente da Comissão de Direito Sindical da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), Thiago Pinheiro, esteve no local e considerou a intervenção da polícia desnecessária. "A greve é pacífica, foi feita de acordo com a legislação, não precisava do Batalhão. Grande parte dos grevistas é de pessoas mais velhas, tinha que ter tido mais cuidado", disse.
 

A assessoria do Detran-CE informou que o órgão considera a greve precipitada, já que estavam caminhando nas negociações e uma reunião teria sido marcada para a segunda quinzena de agosto. Até esta sexta-feira, dos nove postos da Capital, apenas três funcionarão. Dos 11 postos no interior, somente quatro estarão atendendo. O Detran calcula uma queda no atendimento em todo o Ceará em 80% dos serviços.
 

Fonte: DIário do Nordeste (15/07/11)