“O Ceará tem um déficit de três mil leitos hospitalares”. A denúncia é do presidente do Sindicato dos Médicos, José Maria Pontes, que esteve na tarde desta terça-feira, 15, no Conselho Secional da Ordem dos Advogados do Brasil para confirmar o apoio da OAB-CE ao Projeto de Lei de Iniciativa Popular, de autoria do Conselho Nacional da OAB e da Associação Médica Brasileira (AMB), que determina que a União repasse, anualmente, 10% da Receita Bruta para a saúde.

Em fevereiro deste ano, a Ordem dos Advogados do Brasil, AMB e a Associação Nacional de Medicina (ANM) lançaram, em São Paulo, o Projeto de Iniciativa Popular. Caso seja aprovado e a saúde pública brasileira receba mais recursos há uma expectativa de que os problemas na área sejam resolvidos.

De acordo com a presidente da Associação Médica Cearense e Norte e Nordeste do Brasil, Maria Sidineuma Melo Ventura, além da deficiência de leitos e de profissionais de saúde, os poucos leitos e unidades são precários. “É um desrespeito à população”, ressaltou.

Para se ter uma ideia da situação basta analisarmos os dados do Sindicato dos Médicos do Ceará. Segundo José Maria, na tarde desta segunda-feira, 14, no Hospital Geral de Fortaleza (HGF) havia 104 pacientes graves necessitando de leito de enfermaria e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Chega-se ao ponto de se ressuscitar pacientes no chão.

O presidente do Sindicato informa ainda que tem médicos que em um plantão de 12 horas atende até 200 pacientes. “É humanamente impossível fazer um atendimento de qualidade”, afirma.

Para o presidente da Comissão de Saúde da OAB-CE, Ricardo Madeiro, a situação da saúde pública chegou a intolerabilidade. “Existe uma exposição não só da sociedade como um todo, mas de todos os profissionais de saúde que se encontram vulneráveis diante da arcaica estrutura física dos postos de saúde e hospitais secundários, bem como pelo quantitativo inadequado dos profissionais diante da demanda”.