Depois de uma tarde de conversas com o prefeito Roberto Cláudio (PSB), integrantes da direção da Ordem dos Advogados do Brasil secção Ceará (OAB-CE) e da Defensoria Pública do Estado visitaram, na noite de ontem, o acampamento do Parque do Cocó, para tentar mediar uma negociação com os manifestantes. Embora tenham elogiado a presença das entidades, os acampados reforçaram que só deixarão o local quando o Município desistir dos viadutos e considerar um projeto alternativo para o trânsito da região.

 

O presidente da OAB-CE, Valdetário Monteiro, ponderou que já há decisão judicial autorizando a construção e que, a partir de agora, é preciso discutir soluções urbanísticas e ambientais para além dos viadutos. “É plantar mais árvores? É regulamentar a área do parque?”, questionou. Ele adiantou que a Ordem acompanhará um possível processo de desocupação para evitar novos atos de violência.

 

 

O defensor público Régis Pinheiro também destacou a necessidade de “garantir a integridade física” dos manifestantes, que, na madrugada do último dia 8, foram abordados de surpresa pela Guarda Municipal. O processo de desocupação terminou em confronto, com um dia inteiro de quebra-quebra e uso de spray de pimenta, bombas de gás lacrimogênio, cassetetes e outros instrumentos.

 

 

Antes da OAB e da Defensoria, o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Karlo Kardozo, também esteve no acampamento. Segundo pessoas ouvidas pelo O POVO no Cocó, ele não teria feito propostas concretas, apenas se dispondo a levar as reivindicações ao prefeito.

 

 

Integrantes do acampamento questionaram a legalidade do corte de árvores e das obras, apontaram supostas fragilidades no licenciamento apresentado pela Prefeitura e disseram que, pelo bem do patrimônio ambiental de Fortaleza, permanecerão em protesto até que haja alternativa ao viaduto.

O vereador João Alfredo (Psol) solicitou presença da OAB no Cocó na tarde de hoje, quando ocorrerá manifestação de pessoas favoráveis ao viaduto. “Há uma preocupação que o movimento seja de provocação, para criar um conflito e provocar uma ação violenta”, afirmou. A OAB-CE disse que, na próxima terça-feira, deve apresentar uma proposta de solução viável para ambos as partes, em audiência pública marcada para as 17 horas.

 

Fonte: Jornal O POVO