O secretário executivo da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), Roberto Resende, reafirmou que não tem possibilidade de a Prefeitura de Fortaleza recuar quanto à decisão de construir os viadutos no cruzamento das avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior. Durante audiência pública sobre mobilidade urbana, promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE) em sua sede, na tarde e noite de ontem, Resende afirmou que já analisou as propostas alternativas que vêm sendo apresentadas nas redes sociais e que elas não são viáveis.

 

Ontem, o prefeito Roberto Cláudio (PSB) afirmou que o Município ingressou com ação na Justiça estadual pedindo a reintegração de posse do terreno do Parque do Cocó onde estão acampados manifestantes contrários à construção de viadutos no local.

 

Durante a audiência pública na OAB, a obra e a dita falta de diálogo por parte da Prefeitura foi criticada por manifestantes, profissionais e estudantes de Arquitetura e Urbanismo, integrantes do Movimento Crítica Radical, assim como pelo vereador João Alfredo (Psol). Eles defendiam que a proposta da Prefeitura é a pior alternativa possível e questionavam se realmente trará os efeitos prometidos na mobilidade urbana. Para eles, a proposta deveria incluir o debate com a população, um estudo atualizado sobre as necessidades de deslocamento dos fortalezenses, bem como a oferta e qualidade do transporte público, a construção de ciclovias e passarelas. Na ocasião, o arquiteto Paulo Angelim, presidente da Câmara Setorial da Indústria Imobiliária, pediu que o secretário encaminhasse uma mensagem à gestão: “A cidade vai aplaudir se houver recuo da Prefeitura, o que eu interpreto como avanço”, defendeu.

 

A OAB-CE foi pressionada pelo vereador João Alfredo. Ele criticou que a entidade não apareceu no acampamento até ser chamada pelo prefeito Roberto Cláudio (PSB). O vice-presidente da Ordem, Ricardo Bacelar, afirmou que a OAB não compartilha com nenhum tipo de violência. “Houve abuso por parte da máquina municipal. Não estamos a serviço do prefeito”, disse.

 

A OAB propôs a audiência com o objetivo de mediar o conflito existente em torno da obra. Contudo, apesar de haver quatro comissões relacionadas à cidade presentes, nenhum representante da Comissão de Direitos Humanos participou do evento. As comissões pressionaram pela regulamentação do Parque do Cocó. O presidente do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Paulo Henrique Lustosa,disse que há determinação do governador Cid Gomes (PSB) de legalizar o Parque do Cocó até o fim da gestão.

 

ENTENDA A NOTÍCIA

 

A Prefeitura ingressou com ação de reintegração de posse do terreno que hoje está ocupado por manifestantes contrários à obra. Antes, conseguiu derrubar a liminar que impedia a obra dos viadutos.

 

Saiba mais

 

O Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc) também realizou audiência pública sobre o tema na tarde de ontem. Nenhum representante da Prefeitura compareceu.

 

Na ocasião, foram apresentados cinco projetos alternativos à obra dos viadutos. O início da audiência foi marcado por rumores de que, a qualquer momento, poderia ocorrer a retirada dos manifestantes que estão acampados no Cocó.

 

Fonte: Jornal O POVO