497a71a8-94b2-4d74-a7ba-9912a44a80a4“Cada criança que encontra um lar, nasce de novo”. A frase da fundadora da Casa de Jeremias, Soraya de Palhano Xavier, dá o tom da importância da adoção. Cuidando de atualmente nove crianças provenientes do Conselho Tutelar e da Assistência Social – a capacidade é 12 – o abrigo já recebeu mais de 200 pequenos nos seus 13 anos de existência, mas luta contra a falta de apoio. Ressalte-se que a Casa não possui ligação com entidades governamentais nem religiosas.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE), por meio da Comissão de Direito do Trabalho, esteve neste fim de semana no local, na primeira de várias ações de cunho social da Comissão para o ano de 2016. A solidariedade dos advogados participantes dos dois mais recentes eventos científicos da Comissão resultou em mais de 100 latas de leite, que foram doadas à Casa de Jeremias.

“Tentamos sempre associar aos eventos científicos (palestras, entre outros) um traço humanitário. E se algum colega tiver interesse em se juntar a nós nessa força de trabalho e de vontade, será super bem vindo, independente de trabalhar ou não na comissão”, destaca a presidente Katianne Rodrigues, que estava acompanhada da secretária geral, Juliana Moura, Cristiane Lopes (membro da comissão) e do vice-presidente, Roberto Vieira.

As palavras de Katianne ecoam no discurso de Juliana. “Fazemos arrecadações de leite, de fraudas geriátricas, de brinquedos, de roupas. A partir daí, escolhemos uma instituição e fazemos as doações. Desta vez, foi a Casa de Jeremias, pois sabemos de sua seriedade”, explica.

A Casa de Jeremias agradece. E a resposta pode ser percebida nos rostinhos das crianças. Basta percorrer os olhos pelo lugar para se contagiar pela atmosfera solidária, mas também pelo sentimento de preocupação.

“A criança de abrigo está aprisionada em um cárcere privado por um crime que ela não cometeu. Hoje, 40 mil crianças (e adolescentes) moram em abrigos no País. E embora o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diga que o abrigo deve ser provisório, muitas completam 18 anos (nessas instituições)”, explica Soraya Palhano.

Ainda conforme a fundadora da Casa de Jeremias, outro ponto merece reflexão. “Ao chegar à maioridade e sair do abrigo, (essa pessoa) é presa fácil para a violência e a criminalidade. Há exceções, mas a grande maioria devolve o que recebeu. E o que ela recebeu? Nada. Elas vivem debaixo do tapete. São invisíveis, vivem de migalhas de amor. Para você ter uma ideia, muitas aqui têm problemas de pele e respiratórios, mas ao serem adotadas, os problemas param. O físico se cura pelo emocional. O amor transforma a vida, o amor é o que salva tudo”, conclui.