Levando em conta a influência das redes sociais e do marketing no exercício profissional da advocacia, a OAB Ceará promoveu, na tarde desta quinta-feira, 14, uma palestra com o tema: “Os desafios da advocacia digital: empreendedorismo, marketing e gestão jurídica”. Debate é o primeiro de 16 painéis que integram a IX Conferência da Advocacia Cearense, evento tradicional da classe, que, nesta edição, está sendo realizado na sede da seccional da Ordem, com a duração de 3 dias. 

A condução da palestra, situada no auditório, ficou a cargo de Rachel Cabral, presidente da Comissão Empreendedorismo e Marketing Jurídico da OAB-CE. Segundo ela, o painel ocorreu com o intuito de orientar os profissionais do direito sobre formas de gestão e trabalho nas redes sociais, algo já realizado nas ações da Comissão que preside. “É importante sabermos para quem estamos nos comunicando, para quem está sendo direcionada a produção de conteúdo, qual o nosso objetivo, etc. E tudo isso, precisamos fazer de forma efetiva”, afirmou.

O Diretor Adjunto para a Jovem Advocacia, Bruno Ellery, orientou os presentes acerca da importância de uma boa gestão de carreira e tempo. “Levando em conta a minha experiência digo que precisamos esquecer esse pensamentos de que advogado é formalismo e o gestor é outra pessoa. Precisamos exercer essa função, entendendo nosso cliente, descentralizando decisões. Claro, também precisamos trabalhar com gente qualificada, com cooperação, mas se atentar à gestão é fundamental ”, disse o Conselheiro Estadual da OAB.

Já o vice-presidente da Comissão apresentou dicas de como se destacar, por meio das redes, levando em conta um cenário nacional com 1 milhão de advogados e 2 mil faculdades de Direito. “O segmento de escolha está cada vez mais delimitado. Precisa ser o nicho do nicho, para que quando as pessoas tiverem um problema específico, procurem você. Para isso, claro, é preciso compartilhar o que você sabe e em qual ramo trabalha, com os outros. Deixar isso bem claro. E uma das plataformas mais acessíveis para fazer isso é a internet”, disse Pedro Henrique de Oliveira.

Da Comissão de Empreendedorismo, também integrou o debate Eduardo Bezerra, membro da Comissão e conselheiro jovem.

Provimentos

A divulgação por meio da internet, entretanto, é algo recente para a classe. No debate, esta questão permeou como um dos pontos centrais, tratando dos marcos regulatórios dos serviços advocatícios nas redes, sendo eles o antigo, Provimento 94/2000 e o reformulado Provimento 205/2021.

O primeiro determinava que advogados poderiam divulgar seus trabalhos na seção de classificados dos jornais. Já o segundo expande a propagação a outros veículos, conforme explica uma das palestrantes, a conselheira estadual Arsênia Breckenfeld. “Hoje temos as redes sociais, mas é um dever da Ordem fiscalizar que toda a comunicação ocorra de forma sóbria. Não devemos provocar uma guerra de ofertas, criticar o trabalho de um colega, trazer os casos concretos como forma de captação, etc. Temos a liberdade de trazer o conteúdo, mas o respeito à classe e à população deve prevalecer”, afirmou a presidente da Comissão de Estudos Constitucionais da OAB-CE.

Interior

Apesar das inovações, a internet possui limitação de alcance. No ensejo, a questão foi levantada pelo presidente da subsecção Sertão Central. “Realidade um pouco divergente da capital, apesar de não ser tão longe. Entra o problema de eventos com apenas a opção online. Muitos não tem nem internet, imagine. Como vão participar da audiência? Por isso, temos que ponderar com os outros meios, de modo a aumentar a abrangência”, disse Davi Pordeus.


Gerações de advogados

A conversa foi prestigiada por um grupo diverso, em idade, gênero e raça. Dentre eles, estavam a estudante de direito Maria Gabriela Lima Varques, de 22 anos, e Silvio Vieira, advogado full-service, de 53. Para a graduanda, a conversa esclareceu pontos acerca de cobranças de honorários com preços fixos e especialização no mercado. Já Vieira frisou a importância do debate em relação aos advogados “mais antigos”, por salientar a necessidade de adaptação às novas tecnologias e linguagens.